Se precisas de andar de carro de imóvel em imóvel, fica a saber que podes descontar isso nos teus lucros

Tanto como agente imobiliário, como para um simples investidor, o uso de um automóvel é frequentemente indispensável. A necessidade de deslocar-se de um imóvel para outro, realizar visitas a clientes ou supervisão de obras, coloca a questão: como gerir este custo de forma eficiente e, ao mesmo tempo, beneficiar fiscalmente? Neste artigo, vamos explorar como a aquisição e utilização de viaturas podem ser integradas nas contas da sua atividade imobiliária e como estas podem influenciar os seus lucros.

Parte 1 - Aquisição de um veículo para a atividade

Não é incomum os investidores imobiliários questionarem-se sobre a inclusão de uma viatura no seu negócio. A resposta é afirmativa, mas é crucial compreender as implicações fiscais associadas. A tributação autónoma, um imposto adicional sobre veículos empresariais, pode elevar significativamente os custos. Vamos explorar como calcular o Custo Total Efetivo (CTE) de um veículo, que inclui todos os custos relacionados com a aquisição e posse do mesmo.

Exemplo prático

Imagine que está a escolher entre um veículo a gás natural (GNV) e um a diesel para uso na sua empresa, ambos para uma utilização de 4 anos. Aqui está como os custos se comparam:

Viatura a Diesel:

Custo de Aquisição: 33.000€

Tributação Autónoma (35%): 9.075€

Total (sem retoma): 42.075€

Viatura a GNV:

Custo de Aquisição: 34.000€

Tributação Autónoma (15%): 5.100€

Total (sem retoma): 39.100€

Como se pode ver, a viatura a GNV, apesar de ter um custo de aquisição ligeiramente superior, apresenta uma tributação autónoma mais baixa, resultando num CTE total inferior ao do veículo a diesel. Este exemplo demonstra a importância de considerar não só o preço de aquisição, mas também a carga fiscal associada.

 

A tributação autónoma varia conforme o tipo e custo do veículo:

  • Veículos a diesel ou gasolina: 10% a 35%, dependendo do custo de aquisição.

  • Veículos híbridos plug-in: 5% a 17,5%, dependendo do custo de aquisição.

  • Veículos GNV: 7,5% a 15%, dependendo do custo de aquisição.

  • Veículos elétricos: Isentos.

Além disso, se a empresa apresentar prejuízo, a tributação autónoma é agravada em 10%. Portanto, escolher um veículo mais caro sem considerar estas implicações pode inflacionar os custos de forma significativa.

 

Parte 2 - Dedução de despesas correntes

A utilização diária do automóvel para a atividade empresarial também pode ser deduzida, quer seja uma empresa, quer seja um trabalhador independente. Vamos detalhar como estas despesas podem ser aproveitadas para reduzir os lucros tributáveis.

Empresas

Para empresas, além da depreciação anual do veículo, também podem ser deduzidas despesas correntes tais como:

  • Combustível

  • Manutenção e reparações

  • Seguros

  • Portagens e estacionamento

É importante notar que as despesas de combustível são dedutíveis em 50% para veículos a gasóleo. Para veículos elétricos e híbridos, é possível deduzir a totalidade do IVA da eletricidade utilizada para carregamento.

Trabalhadores Independentes

Os trabalhadores independentes também podem deduzir despesas relacionadas com o uso do automóvel, desde que estejam devidamente documentadas e relacionadas com a atividade profissional. As taxas de tributação autónoma aplicáveis são:

  • Veículos ligeiros com custo inferior a 20.000€: 10%

  • Veículos ligeiros com custo igual ou superior a 20.000€: 20%

  • Motociclos: 10%

Assim, documentar todas as despesas e entender como a tributação autónoma afeta os seus custos é essencial para maximizar a eficiência fiscal.

 

Conclusão

A integração de um automóvel nas despesas da sua atividade imobiliária pode ser vantajosa, mas requer uma análise cuidadosa dos custos totais e das implicações fiscais. Optar por veículos elétricos ou híbridos pode representar poupanças significativas devido à isenção ou redução da tributação autónoma e à dedução do IVA. Portanto, uma escolha informada e estratégica não só facilita a mobilidade no seu trabalho diário, como também otimiza os seus resultados financeiros.

Compreender estas nuances fiscais e planeá-las adequadamente pode transformar um simples meio de transporte numa ferramenta poderosa para o sucesso do seu negócio imobiliário.

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