Mercado Internacional – No Japão estão a dar casas? Como assim?

Vivemos numa realidade onde a falta de oferta de habitação faz aumentar os preços dos imóveis. Mesmo com imóveis devolutos a degradar-se, o preço destes aumenta com o tempo. Mas será que isso é sempre assim? No Japão parece que não.

O mercado imobiliário é um reflexo direto das dinâmicas econômicas, culturais e sociais de um país. Em Portugal, vivemos uma realidade marcada pela escassez de habitação, especialmente nas grandes cidades, onde a procura supera largamente a oferta. Por outro lado, o Japão enfrenta o oposto: uma abundância de imóveis desocupados, a ponto de oferecer casas gratuitamente para combater o êxodo rural. Vamos explorar estas duas realidades contrastantes e entender as diferenças e implicações de cada uma.

 

A realidade em Portugal

Portugal, especialmente em Lisboa e Porto, vive uma crise de oferta no setor imobiliário. A procura por habitação nas grandes cidades é alta, mas a oferta é limitada, o que resulta em preços exorbitantes. As casas, novas ou antigas, têm visto uma valorização constante, tornando-se quase inacessíveis para a maioria da população. Este cenário é alimentado essencialmente pela falta de novas construções que não acompanham a demanda, resultando numa escassez de habitação disponível.

 

A Realidade no Japão

O Japão enfrenta um cenário completamente diferente. Em muitas áreas rurais e até mesmo em algumas urbanas, há um excesso de habitação disponível. O fenômeno das "akiya" (casas abandonadas) é comum, e alguns municípios chegam a oferecer casas gratuitamente ou a preços simbólicos para incentivar a ocupação. As causas principais incluem:

  • O facto de o Japão ter uma das populações que mais envelhece no mundo, e onde a taxa de natalidade é extremamente baixa. Isso resulta em muitas casas desocupadas à medida que os residentes envelhecem e falecem, sem serem substituídos por novas gerações.

  • Ao contrário de Portugal, as casas no Japão perdem valor rapidamente com o tempo. A cultura local valoriza a novidade e a modernidade, e as casas antigas são muitas vezes consideradas obsoletas e desvalorizadas.

 

Comparação das realidades

Oferta e Procura

Portugal: A procura alta e a oferta baixa resultam em preços inflacionados. Imóveis antigos aumentam de valor devido à sua localização e potencial de renovação.

Japão: A oferta alta e a procura baixa levam a preços baixos ou até mesmo à distribuição gratuita de imóveis. As casas perdem valor rapidamente com a idade e são frequentemente demolidas e reconstruídas.

 

Valor dos imóveis

Portugal: Casas antigas em áreas desejáveis como Lisboa ou Porto continuam a valorizar-se com o tempo. A renovação de edifícios antigos é uma prática comum e lucrativa.

Japão: As casas antigas desvalorizam-se rapidamente. A manutenção e a modernização são menos comuns, e muitas casas acabam abandonadas.

 

Intervenção governamental e soluções

Portugal: Incentivos para renovação urbana e políticas de habitação para aumentar a oferta são necessários. Atração de investimento estrangeiro permite a reabilitação do parque habitacional, principalmente nas cidades distrito. No entanto, a colocação dessas casas no mercado não satisfaz a demanda, o que complica a acessibilidade para os residentes locais.

Japão: Políticas de incentivo à ocupação de casas vazias, como a oferta de casas gratuitas, são comuns. Há também esforços para revitalizar áreas rurais e torná-las mais atraentes para os jovens.

 

Conclusão

A comparação entre Portugal e o Japão revela duas faces opostas da crise imobiliária. Em Portugal, a falta de oferta e a alta procura aumentam os preços das casas, tornando o mercado inacessível para muitos. No Japão, o excesso de oferta e a baixa procura resultam em casas desvalorizadas e muitas vezes abandonadas. Ambas as situações apresentam desafios únicos que exigem soluções adaptadas às suas realidades socioeconômicas. Enquanto Portugal deve focar-se em aumentar a oferta e tornar a habitação mais acessível, o Japão precisa revitalizar suas áreas rurais e modernizar o seu stock habitacional para atrair novos residentes.

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