Vamos decidir de vez como obter o Spread Bonificado!

Na escolha de um crédito habitação, o banco faz questão de nos “atirar” com vários serviços e produtos. Nessa negociação, o banco refere que na contratação destes, o spread irá baixar, tornando-se no tal “Spread Bonificado”. Mas será que vale mesmo a pena? Vamos explorar como funciona este processo, o que os bancos pedem em troca, e se realmente conseguimos poupar ao optar por esta bonificação.

 

O que é um Spread Bonificado?

Como já vimos em outros artigos, o Spread é a margem de lucro que o banco aplica sobre o empréstimo, e o Spread Bonificado é uma taxa reduzida oferecida pelo banco em troca da contratação de produtos e serviços adicionais. Estes produtos podem incluir:

  • Seguros de vida e multirriscos: Contratar estes seguros diretamente com o banco pode reduzir significativamente o spread aplicado ao teu crédito.

  • Conta ordenado: Domiciliar o teu ordenado numa conta associada ao banco também pode ser uma condição para beneficiar de um spread bonificado.

  • Cartão de crédito: A adesão a um cartão de crédito do banco pode ser outro critério para conseguir uma redução no spread.

  • PPR ou outros produtos de poupança: Subscrever um PPR ou outro tipo de produto de poupança do banco pode também garantir uma bonificação no spread.

 

Como funciona na prática?

Vamos usar as propostas que vimos no artigo anterior para ver como o Spread Bonificado pode fazer a diferença.

Proposta 1:

  • Com produtos adicionais (seguros com o banco):

    • Spread bonificado: 0,5% durante os primeiros 36 meses.

    • Prestação inicial: 471,34€.

    • TAEG: 5,0%.

  • Sem produtos adicionais (seguros fora do banco):

    • Spread base: 1,9%.

    • Prestação inicial: 549,80€.

    • TAEG: 6,4%.

Proposta 2:

  • Com produtos adicionais:

    • Spread bonificado: 0,7% durante os primeiros 36 meses.

    • Prestação inicial: 480,12€.

    • TAEG: 5,3%.

  • Sem produtos adicionais:

    • Spread base: 1,9%.

    • Prestação inicial: Subiria consideravelmente, resultando numa TAEG mais alta.

Proposta 3:

  • Com produtos adicionais:

    • Spread bonificado: 0,5%.

    • Prestação inicial: 452,98€.

    • TAEG: 6,4%.

  • Sem produtos adicionais:

    • Spread base: 1,9%.

    • Prestação inicial: Aumentaria significativamente.

 

Vantagens e desvantagens do Spread Bonificado

Vantagens:

  • Prestação mensal mais baixa: Ao aceitar os produtos adicionais, consegues um Spread mais baixo, o que reduz a tua prestação mensal.

  • Custo total menor: Um Spread mais baixo pode resultar num custo total mais reduzido ao longo da vida do empréstimo.

  • Conveniência: Ter tudo centralizado no mesmo banco pode facilitar a gestão dos teus produtos financeiros.

Desvantagens:

  • Obrigação de manter os produtos: Para manter o Spread Bonificado, precisas de manter os produtos adicionais durante todo o período acordado. Se, por algum motivo, decidires cancelar algum desses produtos, o Spread pode aumentar, elevando o custo do crédito.

  • Custos adicionais: Os produtos adicionais, como seguros e contas pacote, podem ter custos próprios, que devem ser considerados ao calcular se o spread bonificado realmente compensa.

 

A confusão dos serviços adicionais

A realidade é que muitos clientes ficam perdidos no meio de tantas opções e produtos associados. Os bancos “oferecem” serviços que, na verdade, acabam por ser pagos pelo cliente de forma indireta através de comissões, anuidades, e sobretaxas nos produtos financeiros.

Não te esqueças de comparar sempre os seguros propostos pelo banco com alternativas no mercado. Muitas vezes, mesmo que o Spread aumente ao contratar seguros fora do banco, a poupança pode ser significativa, e certamente que as coberturas serão melhores.

 

Quando o Spread Bonificado não compensa

É comum pensar que um Spread mais baixo é sempre a melhor opção, mas é crucial olhar para o custo total do empréstimo ao longo do prazo. Se os produtos adicionais aumentarem significativamente os custos mensais, o benefício de um Spread Bonificado pode rapidamente desaparecer.

Dicas para Avaliar:

  1. Verifica a FINE (Ficha de Informação Normalizada Europeia): Este documento apresenta todas as condições do empréstimo, incluindo o custo total com e sem produtos adicionais.

  2. Faz as contas ao custo total dos produtos bancários: Compara o custo dos seguros e outros produtos no banco com ofertas externas.

  3. Olha para o MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor): Esta métrica inclui todos os custos do empréstimo e é um excelente indicador para comparar diferentes propostas.

 

Conclusão

Optar por um Spread Bonificado pode parecer uma boa forma de reduzir a prestação mensal do crédito habitação, mas é essencial analisar todas as variáveis envolvidas. A decisão não deve basear-se apenas no Spread mais baixo, mas sim no custo total ao longo do tempo e nas suas condições financeiras. A regra de ouro é comparar, calcular, e escolher aquilo que realmente faz sentido para ti.

Afinal, o mais importante é garantir que o crédito habitação é sustentável, não só agora, mas durante todo o prazo do empréstimo. Por isso, não te deixes levar apenas pelo Spread bonificado — faz as contas, avalia todas as propostas, e escolhe a que realmente te oferece mais valor.

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