4 Perguntas que devemos responder para controlar os custos numa obra
Se já perdeste a conta de quantos orçamentos derraparam, então talvez não tenhas respondido a estas perguntas. Controlar os custos numa obra é um dos grandes desafios de qualquer investidor imobiliário. Entre orçamentos que derrapam, imprevistos que surgem e preços de materiais que flutuam, é essencial ter um plano de controlo de custos bem definido. Para ajudar nesse processo, aqui estão quatro perguntas fundamentais que devemos fazer para manter os custos sob controlo numa obra.
1. Quais os custos que podem ser otimizados e/ou reduzidos?
A primeira pergunta que devemos fazer é onde podemos cortar ou otimizar custos sem comprometer a qualidade e os prazos da obra. Exemplos práticos incluem:
Negociação com fornecedores: Negociar melhores preços ou condições de pagamento pode resultar em poupanças significativas.
Escolha de materiais alternativos: Optar por materiais mais económicos que ainda atendam aos requisitos de qualidade e durabilidade pode reduzir substancialmente os custos.
Revisão de processos: Avaliar o processo de execução para identificar atividades redundantes ou ineficientes que possam ser eliminadas ou melhoradas.
Para ilustrar, considere uma obra onde se planeava utilizar mármore para todas as superfícies de bancadas. Ao optar por um material compósito de qualidade similar, mas mais acessível, é possível reduzir os custos com materiais sem comprometer a estética e funcionalidade do espaço.
2. Em que área, ou categoria, está a ser alocada uma maior fatia do orçamento?
É crucial identificar quais áreas da obra estão a consumir a maior parte do orçamento. Pode ser a mão de obra, os materiais, ou mesmo a gestão de projeto. Exemplo prático:
Se a maior parte do orçamento está a ir para a mão de obra, uma análise detalhada pode revelar que o tempo estimado para certas atividades está inflacionado ou que o número de trabalhadores poderia ser otimizado.
Em muitos projetos, a instalação de sistemas de climatização e canalização representam uma grande fatia dos custos. Neste caso, a negociação direta com fornecedores e a análise comparativa de preços entre diferentes prestadores de serviços podem resultar em economias significativas.
Ao categorizar os custos e entender onde estão os maiores gastos, é possível focar em estratégias específicas para otimizar essas áreas, sem comprometer a execução do projeto.
3. Existem oportunidades de poupança que não comprometem os nossos objetivos?
Muitas vezes, os custos aumentam devido à falta de uma análise criteriosa de oportunidades de poupança. Esta pergunta leva-nos a explorar alternativas que podem não estar inicialmente evidentes. Exemplos práticos:
Compra de materiais em quantidade: Ao comprar materiais em maiores quantidades, pode-se obter descontos significativos.
Reutilização de materiais: Em vez de comprar tudo novo, considerar a reutilização de materiais de demolição pode reduzir custos e contribuir para um projeto mais sustentável.
Programação de tarefas para evitar horas extra: Planear de forma eficiente para evitar trabalho em horas extra que acarreta custos adicionais.
Por exemplo, em uma remodelação de um prédio, a escolha de usar portas recuperadas de outras construções pode não só economizar no custo direto das portas como também reduzir o impacto ambiental do projeto.
4. Que pressupostos da nossa gestão de compras devemos questionar?
Questionar os pressupostos subjacentes à gestão de compras é essencial para identificar possíveis ineficiências e custos ocultos. Exemplos práticos:
Questionar a fidelidade a um único fornecedor: Manter um fornecedor único pode resultar em custos mais altos por falta de competitividade. Avaliar outras opções pode trazer melhores condições.
Reavaliar os cronogramas de compra: Planeamento inadequado pode levar a compras de última hora que geralmente são mais caras. Antecipar compras e alinhar com promoções de mercado pode reduzir custos.
Analisar a necessidade real de certos materiais ou serviços: Muitas vezes, orçamentos incluem itens que não são estritamente necessários ou que podem ser substituídos por alternativas mais baratas.
Se um projeto habitualmente compra todos os materiais no início para "trancar" preços, mas armazena-os sem necessidade imediata, pode incorrer em custos de armazenamento e desperdício. Questionar esta prática e comprar de forma faseada conforme o andamento da obra pode ser mais vantajoso.
Conclusão
Gerir os custos numa obra é muito mais do que simplesmente cortar gastos; é um exercício contínuo de planeamento, análise e tomada de decisões informadas. Ao fazer estas quatro perguntas fundamentais, investidores e gestores de obra podem identificar áreas de poupança, evitar surpresas no orçamento e, principalmente, garantir que o projeto seja concluído dentro do prazo e do orçamento previstos. Controlar os custos não significa comprometer a qualidade, mas sim ser inteligente nas escolhas que fazemos ao longo do caminho.